Evento reúne representantes para discutir novos modelos de mineração

Novembro 8, 2019

Mylena Gonçalves

Por Adrienne Pedrosa e Ariane Neves

O evento discutiu a mineração na Região dos Inconfidentes, enfatizando a importância da implementação de um novo modelo de mineração que não prejudique o meio ambiente e a comunidade.
 
A mesa intitulada "O modelo de Mineração que queremos" contextualizou a história da mineração, discutiu a situação dos atingidos pela barragem de Fundão em 2015 e a dependência econômica da mineração, além de apresentar as medidas tomadas contra a expansão de projetos. A mesa foi composta pela representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Letícia Oliveira; pela representante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Maria Júlia Andrade; pelo representante do Sindicato Metabase Inconfidentes, Bruno Teixeira; e pela professora do Departamento de Serviço Social (Desso) da UFOP Kathiuça Bertollo.
 
Maria Júlia explica um dos pontos base do debate: "A bandeira do território livre de mineração é para dizer que não se pode minerar em qualquer lugar. Não se pode minerar onde há abastecimento de água, agricultura familiar. O debate da área livre tem a ver com o modelo que queremos que é dizer 'não'. Quando você diz não para esse modelo de mineração, você diz sim para a agricultura familiar, que tem a matriz agroecológica muito forte, e diz sim também a outros modos de vida."
 
CORTEJO - Finalizando a programação do evento, foi realizado um cortejo, que saiu do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (Icsa) e seguiu até a Praça Gomes Freire, "o Jardim de Mariana". O objetivo dos organizadores foi ocupar o espaço e convidar a comunidade para debater em conjunto o assunto da mineração. Foram recitadas poesias e entoados gritos de guerra durante o percurso. Além disso, os estudantes do curso de Serviço Social elaboraram uma carta, que foi lida na praça, reivindicando a construção de  um novo modelo de mineração.

Mylena Gonçalves

"O cortejo vem para ocupar esse espaço, falar para os marianenses sobre a importância da realização desse debate e convidar a comunidade a resgatar a cultura, a memória e as tradições do povo mineiro", analisa a professora do curso de Serviço Social Kathiuça Bertollo.
 
A integrante do Comitê Popular dos Atingidos pela Mineração de Itabira Tuane Guimarães de Ávila fez um balanço do evento: "É importante que existam seminários desse tipo aqui na cidade, onde houve o rompimento, mas esse seminário é muito mais que isso. Ele se propôs a ser uma articulação entre universidade, trabalhadores, estudantes e atingidos de vários locais, como Congonhas e Itabira. As mesas conseguiram trazer o debate sobre quem são os atingidos e contextualizar sobre a situação do reassentamento, a situação econômica e do trabalho na cidade."
 
O evento contou ainda com a participação do Centro Acadêmico de Serviço Social, que organizou uma apresentação de cartazes, com grupos de discussão, apresentações musicais e estande de livros. Os debates aconteceram na última quarta (6).