Projeto aponta impacto do ensino de gênero e sexualidade na formação em Jornalismo da UFOP

Julho 21, 2025

Graduação

Por Clara Lamacié

Pesquisa realizada pelo estudante de Jornalismo Gabriel Maciel, sob orientação da professora Karina Gomes Barbosa, aponta um aumento de 24,4% nos temas de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) relacionados a gênero e sexualidade no curso de Jornalismo desde que a disciplina Gênero e Jornalismo passou a compor a grade curricular. O trabalho foi realizado no âmbito do projeto Pró-Ativa, da Pró-Reitoria de Graduação, que busca o perfeiçoamento das práticas pedagógicas na UFOP.
 
O estudo foi motivado pela inclusão da disciplina eletiva "Gênero e Jornalismo" — atualmente denominada "Jornalismo, Gêneros e Sexualidades" — na matriz curricular do curso, mostrando que seus resultados tiveram um impacto positivo no aumento na quantidade e qualidade dos trabalhos que abordam questões de gênero e sexualidade, refletindo também uma transformação nas discussões realizadas durante o curso.
 
Relatos no artigo "Gênero e sexualidade na formação em Comunicação", de autoria dos docentes, indicam que a oferta da disciplina capacita jornalistas a terem um olhar gendrado na profissão. A professora Karina destacou o privilégio de ter "uma sala de aula engajada e disposta ao diálogo, composta majoritariamente por mulheres cis-heterossexuais, mas com a presença marcante de sujeitos LGBTQI+, bem como de mulheres negras", o que, segundo ela, retrata "a diversidade crescente que toma conta da universidade pública brasileira, a transforma e a enriquece".
 
ANÁLISE - Foram observados os 626 TCCs apresentados no período de 2012.1 a 2024.1, de forma quantitativa e qualitativa, considerando um corte pré e pós-disciplina. Com uma taxa de 1,27% de ausência de informação, o trabalho incluiu a catalogação desses projetos por marcadores como autoria, orientação, período, palavras-chave e resumo. A análise comprovou o impacto de um ensino gendrado (de gênero) no Jornalismo, materializado pela disciplina, com o evidente aumento dos TCCs dentro do tema. As defesas saltaram de 6,3%, antes da oferta da disciplina, para 30,7%. Adotando diferentes inflexões ao longo dos anos, os projetos dos formandos apresentam a pluralidade de vivências, tanto dentro quanto fora da Universidade, e os diferentes interesses em relação a gênero e sexualidade.
 
Nesse processo de catalogação histórica sobre a trajetória formativa do curso, foi traçada uma linha do tempo sobre os 12 anos de ensino em Jornalismo na UFOP. Ela mostra os anos em que a disciplina foi ofertada e seus impactos e, para além dos gráficos, sinaliza pioneirismos, como os primeiros TCCs categorizados com uma perspectiva sobre gênero/sexualidade.
 
A construção documental realizada pelo projeto de pesquisa de 2024, e que será aprofundada em 2025, é estruturada também a partir de documentos importantes para a Universidade, como o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), os projetos político-pedagógicos e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Jornalismo, que preveem as competências esperadas para quem se forma na área, como estímulo a uma formação ética e alinhada à diversidade sociocultural e aos direitos humanos.
 
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