Por Clara Lamacié
Pesquisa realizada pelo estudante de Jornalismo Gabriel Maciel, sob orientação da professora Karina Gomes Barbosa, aponta um aumento de 24,4% nos temas de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) relacionados a gênero e sexualidade no curso de Jornalismo desde que a disciplina Gênero e Jornalismo passou a compor a grade curricular. O trabalho foi realizado no âmbito do projeto Pró-Ativa, da Pró-Reitoria de Graduação, que busca o perfeiçoamento das práticas pedagógicas na UFOP.
O estudo foi motivado pela inclusão da disciplina eletiva "Gênero e Jornalismo" — atualmente denominada "Jornalismo, Gêneros e Sexualidades" — na matriz curricular do curso, mostrando que seus resultados tiveram um impacto positivo no aumento na quantidade e qualidade dos trabalhos que abordam questões de gênero e sexualidade, refletindo também uma transformação nas discussões realizadas durante o curso.
Relatos no artigo "Gênero e sexualidade na formação em Comunicação", de autoria dos docentes, indicam que a oferta da disciplina capacita jornalistas a terem um olhar gendrado na profissão. A professora Karina destacou o privilégio de ter "uma sala de aula engajada e disposta ao diálogo, composta majoritariamente por mulheres cis-heterossexuais, mas com a presença marcante de sujeitos LGBTQI+, bem como de mulheres negras", o que, segundo ela, retrata "a diversidade crescente que toma conta da universidade pública brasileira, a transforma e a enriquece".
ANÁLISE - Foram observados os 626 TCCs apresentados no período de 2012.1 a 2024.1, de forma quantitativa e qualitativa, considerando um corte pré e pós-disciplina. Com uma taxa de 1,27% de ausência de informação, o trabalho incluiu a catalogação desses projetos por marcadores como autoria, orientação, período, palavras-chave e resumo. A análise comprovou o impacto de um ensino gendrado (de gênero) no Jornalismo, materializado pela disciplina, com o evidente aumento dos TCCs dentro do tema. As defesas saltaram de 6,3%, antes da oferta da disciplina, para 30,7%. Adotando diferentes inflexões ao longo dos anos, os projetos dos formandos apresentam a pluralidade de vivências, tanto dentro quanto fora da Universidade, e os diferentes interesses em relação a gênero e sexualidade.
Nesse processo de catalogação histórica sobre a trajetória formativa do curso, foi traçada uma linha do tempo sobre os 12 anos de ensino em Jornalismo na UFOP. Ela mostra os anos em que a disciplina foi ofertada e seus impactos e, para além dos gráficos, sinaliza pioneirismos, como os primeiros TCCs categorizados com uma perspectiva sobre gênero/sexualidade.
A construção documental realizada pelo projeto de pesquisa de 2024, e que será aprofundada em 2025, é estruturada também a partir de documentos importantes para a Universidade, como o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), os projetos político-pedagógicos e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Jornalismo, que preveem as competências esperadas para quem se forma na área, como estímulo a uma formação ética e alinhada à diversidade sociocultural e aos direitos humanos.
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